quinta-feira, 3 de junho de 2010

IV

Não viu o garoto se aproximar assim com os outros em que ele esbarrava, mais rápido ao segurá-lo pela roupa.
- Cuidado. – Giulianna.
Ela notou a agitação anormal do jovem, como se escapasse de um crime.
- De onde você está vindo, hein? Está sendo perseguido por roubo, furto? – Giulianna.
- Eu nã... – Vicente.
Ela virou-se para o lado de onde ele havia vindo e viu dois homens de óculos escuros como se os observassem. Pareciam desconcertados e enquanto um estava virado para eles o outro olhava a calçada, depois a tarefa de observar era cedida ao outro.
- Quem são aqueles e por que estão atrás de você? – Giulianna.
Um dos homens passou a falar ao celular, e pouco depois ambos sumiam na multidão.
- Muito bem, agora me explica porque eles não vieram até aqui, porque eles estavam atrás de você. – Giulianna.
- Eu nã... – Vicente.
- Sabe sim, e fez. Viu como eles estavam suados? Estavam muito a fim de pegar um malandro como você.
Giulianna suspirou pensativa sem soltá-lo.
- O meu parceiro provavelmente concordaria em te deixar em liberdade provavelmente dizendo que roubou apenas uns trocados ou bateu uma carteira... Mas não sou ele. Vamos. – Giulianna.
- Por favor... – Vicente.
- Nada de ‘por favor’.
Entraram e logo o delegado a viu entrar empurrando o garoto para o interior.
- Policial Giulianna, ainda está aqui? – Foroni.
- Voltei apenas para trazer este... Garoto. Estava fugindo de dois homens. – Giulianna.
- E onde estes se encontram?
- Pararam de segui-lo ao vê-lo comigo.
- Vamos até a minha sala, Policiais Giulianna.
Ela seguiu-o mantendo Vicente sob sua vista e Delegado Foroni trancou a porta com os três.
- Sente-se, rapaz, e diga-me o que aconteceu. – Foroni.
- Você o escutou. – Giulianna.
- Não vai me dizer? Quer voltar para casa, não é?
O garoto assentiu ainda calado, mas sem levantar a cabeça para nenhum dos dois.
- Diga o seu nome e o telefone de seus pais e telefonarei para eles. – Delegado Foroni.
Vicente negou apenas com a cabeça, nervoso.
- Qual o problema, rapaz? – Foroni.
- É isso mesmo. Diga logo! – Giulianna.
- Policial, aqui eu dou as ordens. Lembre-se que nem aqui deveria estar.
Vicente ergueu os olhos para a escrivaninha, para o porta-lápis.
- Em que está pensando, garoto? Espere, você é mudo, correto? – Foroni
Ele assentiu e Giulianna protestou.
- Mudo nada! Ele falava até agora a pouco! – Giulianna.
- E o que ele disse? – Foroni.
- Eu não entendi, foi um pedaço de palavra. Mas ele pode completar agora, pois o caso é que sim, ele falou!
O delegado entregou a Vicente uma folha em branco e um lápis que o garoto aceitou de bom grado.
- Aqui, escreva o que fazia ao encontrar a Policial Giulianna.
Vicente demorou-se alguns segundos a escrever com letra tremida o motivo de correr e esbarrar na policial.
- Ele estava atrasado, Policial Giulianna. Apenas atrasado para a aula de libras. – Foroni.
- Isso é mentira! E quanto aos homens que o seguiam? – Giulianna.
Foroni arqueou as sobrancelhas para Vicente que novamente debruçou-se sobre o papel com o lápis em mãos.
- Ele não sabe do que está falando. – Foroni.
- O que! Olha só pra mim, garoto, e olha bem! Eu por caso tenho cara de idiota? – Giulianna.
Dela o garoto olhou para o delegado, confuso sobre o que fazer.
- Já chega Policial Giulianna! Aguarde lá fora, ou melhor, vá para casa. Eu resolvo tudo por aqui. – Foroni.
- Mas... – Giulianna.
- Chega. Você está afastada por sete dias, e se não quiser outros sete...
- Droga!
Ela saiu e o Delegado Foroni anotou algo em um pequeno papel antes de entregá-lo ao garoto.
- Por favor, peça para os seus pais me telefonarem o quanto antes. – Foroni.
Vicente assentiu e o delegado o liberou. Saiu da delegacia observando todos os lados para se certificar de que não era seguido, o que não resolveu o problema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário