quinta-feira, 12 de agosto de 2010

X

O silêncio saiu na sala por alguns segundos e Giullia foi para a cozinha.

- Por que não comemos algo? Vocês acabam de chegar e não parecem estar de barriga cheia. Jantar ou lanche?

- Sanduíches e vitaminas. Giul, e você, sentem-se. Vamos tentar entender o que está havendo. – Giovvana.

- Miguel é, era... Miguel era meu irmão. – vicente.

Guilianna sentou-se à mesa tentando digerir a informação.

- Ele nunca... Ele não... Sabia. Pode provar. – Giulianna.

- Posso, por DNA, acho. Ele não sabia também, ou eu. Somos meio irmãos e eu... Marquei um encontro com ele, quando eu soube. Pedi que ele fizesse uma coisa, mas... – Vicente.

- Não tiveram tempo. – Giovvana.

- Não, tivemos, mas... Ele se negou e...

- O que pediu a ele? – Giulianna.

- Para dizer... Uma coisa para alguém. Quando ele disse que não... Escreveu uma carta e me deu para que... Assim essa pessoa acreditasse em mim.

- Quem é essa terceira pessoa?

Ele tirou um papel do bolso de trás da calça e passou pelo tampo do bolso para Giulianna à sua frente. Ela desdobrou o papel verde.

- O que é isso? – Giulianna.

- Uma carta. Não sei o que está escrito, mas... Acho que vai reconhecer a letra. Você confia nele, não é?

- Com a minha vida. – Giulianna.

31 de Agosto de 2009-09

12 graus

Olá. Não é tarefa minha dizer, mas... Sabia que o meu irmão não tem culpa de nada, ou eu. Não desconte nele, é só um garoto.

Eu não sabia da existência de Vicente até cinco dias atrás e sim, ele me convenceu, é o meu irmão. Pelas minhas contas foi quando eu estava no internato da academia, quando os meus pais se mudaram, duas vezes em um ano. Calcule onde você estava, entenderá depois.

É uma história... Interessante. Incrível. Talvez sejam necessários alguns testes, eu aconselho que sim para que terminem todas as dúvidas, e bem, acho que somos responsáveis pelo garoto agora, como eu disse não cabe a mim lhe contar.

Quando estiver preparada para conversar, se quiser, sabe como me encontrar.

Miguel.

sábado, 17 de julho de 2010

IX

Giullia estava na garagem de casa e fechou-a assim que o carro entrou. Giulianna parecia irritada ao abrir a porta traseira do carro.

- Pensei que estivesse de folga. – Giovvana.

- Pra fora, agora. – Giulianna.

Vicente saiu, olhando as duas mulheres que desconhecia, e virando-se para a porta trancada da garagem.

- Valeu mesmo, investigadora. Agora eu preciso ir. – Vicente.

- Você não vai a lugar algum! Vai me contar tudo e vai contar agora! – Giulianna.

Ela arrastou-o para dentro, para a sala de jantar, e o fez sentar-se.

- Espere, ele não devia estar aqui? – Giovvana.

- Não! – Vicente.

- Tem que estar, sim! Porque fugiu da delegacia e entrou no meu carro. Então, se quer me encrencar o faça por completo. Conte-me tudo. – Giulianna.

- Espera lá. O que está acontecendo? – Giullia.

- Giulianna, você trouxe um menor, sob custódia da polícia, sem autorização? – Giovvana.

- Agora não tem mais como me fazer passar por louca. Tem duas testemunhas que te escutaram falar. – Giulianna.

- Desculpe por isso, eu não queria te prejudicar. – Vicente.

- Por que te perseguiram, por que te seqüestraram, e por que fugiu da delegacia?

- Eu... Procurava você. Mas eles... Eles não sabem.

- Por que a procurava? – Giullia.

- Você é menor de idade, não tem que responder nada sem um advogado ou os seus responsáveis. – Giovvana.

- O que não sabem? – Giulianna.

- Vou telefonar para a delegacia.

- Dá um tempo, Gio! Quem são eles?

- Eu não sei bem! Mas eles não sabem que eu... Estava procurando por você! – Vicente.

Giovvana baixou o fone sem terminar de discar e se aproximou.

- O que quer comigo? – Giulianna.

- Miguel. Ele disse para que eu a procurasse porque... Poderia me ajudar, também... – Vicente.

Ela cerrou os dentes e se obrigando a ficar calma sentou-se à mesa também.

- Miguel. – Giulianna.

- Sim. – Vicente.

- Ele está morto.

- Eu sei.

- Por que... Você o conhecia?

Pensando melhor ela levantou-se mais alterada.

- Sabe quem o matou? O que sabe? – Giulianna.

Os gritos afastaram Hou que foi para o quarto de sua dona.

- Eu não sei muito, só que... Miguel mandou eu ter cuidado, e te procurar... Ele gosta... Gostava muito de você e... Não quis te levar problemas... – Vicente.

Giulianna voou no pescoço dele, assustando-o. Giullia precisou intervir rápido, pouco antes de Giovvana.

- Fala quem o matou! Diga ou acabo com você, seu pivete! – Giulianna.

- Solte ele, Giul. – Giullia.

A ginasta, com sua força, conseguiu fazê-la soltá-lo e Giovvana afastou o garoto assustado para o outro lado da sala.

- Giulianna, acalme-se. Eu vou ligar para o delegado do seu distrito. – Giovvana.

- Eu não vou dizer nada à polícia, não importa o quanto insistam. – Vicente.

A agente acalmou-se de repente, foi o que lhes pareceu.

- A polícia matou Miguel? – Giulianna.

- Eu não sei... Não sei dizer isso. Mas... Ele não me mandou procurá-los, e sim à você. Por isso, se você não puder ou quiser me ajudar, eu me viro sozinho. – Vicente.

Ele ia dirigir-se à porta, mas a mão de Giovvana foi firme.

- O senhor não vai a lugar algum. Qual o seu nome? – Giovvana.

- Eu não vou... – Vicente.

- Giovvana, muito prazer.

-Giullia. – Giullia.

- Você está com... 14, 16 anos. Qual era a sua relação com o agente Miguel. Difícil acreditar que, porventura, seja seu filho. – Giovvana.

- Miguel não tem filhos. – Giulianna.

- Um fora do casamento. Miguel é... Novo demais para ser seu pai, e você muito velho para ser filho dele. Seu tio, vizinho...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

VIII

- Eu... Preciso ir ao banheiro. Você ficará bem, não é mesmo? Vai, sim... – Norberto.

O policial saiu, trancando a porta. Terminava de anoitecer. Vicente, que não demonstrou tê-lo escutado, ou qualquer outra reação, enquanto houvesse alguém à vista.

Então levantou-se ligeiro, duvidando que pudesse passar pela báscula horizontal estreita.

- Tenho que tentar. – Vicente.

Tirou os tênis e arrastou a cadeira para próximo à parede. Passou os calçados primeiro, junto com a carteira e o boné que estavam nos bolsos de sua calça. Então, passou primeiro os braços empurrando-se para fora. Quase ficou preso pelo cinto, mas conseguiu e foi calçar-se ao lado da abertura, fechada pouco antes do retorno do policial, que saiu em alerta.

- Como assim ele não está na sala? Eu sou o responsável por ele! – Foroni.

- Eu não sei como ele pode ter escapado, senhor! A porta estava trancada! – Norberto.

- O que aconteceu, senhor? – Henrique.

- O garoto parece ter conseguido escapar. Avise a todos os agentes. Ele não deve ter ido longe.

- Sim senhor.

Menos de dez policiais saíram ao redor da delegacia com a esperança de encontrar o garoto, mas sem sucesso e o delegado foi obrigado a se desculpar com a assistente social vinda do juizado.

Henrique saiu com os primeiros policiais para procurar por Vicente, Giulianna estava ao lado do bando na calçada, fumando.

- O que esta acontecendo? –Giulianna.

- Imaginei que estivesse em casa. – Henrique.

- Por que os policiais estão se mobilizando? Ameaça de bomba?

- Vá descansar, Agente Giulianna. Mal não fará.

-Está bem, descubro o que está acontecendo sozinha.

Apagou o cigarro com o pé e abriu a porta da delegacia.

- Vicente fugiu. – Henrique.

- O... Como ele fez isso? – Giulianna.

- Aparentemente foi pela janela da sala de interrogatório. A cadeira estava junto à parede.

- Ótimo.

Ela foi a caminho do estacionamento.

- Aonde vai? – Henrique.

- Estou de folga, por semanas. – Giulianna.

- O afastamento não a impediu, até agora.

- Cuide de sua vida Agente Henrique.

- E tome cuidado com a sua, Agente Giulianna.

Giulianna tinha em mente procurar por Vicente pela cidade. Se até o momento havia tido sorte talvez o encontrasse.

Estava na ponte quando se assustou a ponto de sua espinha gelar. Algo se movia atrás de si. Olhou pelo retrovisor central e viu os olhos de Vicente.

- O que...? Por que está aqui? O que pensa que está fazendo? Agora vão pensar que eu o raptei. – Giulianna.

Vicente não respondeu e a agente abanou levemente a cabeça.

- Está bem, vamos para a minha casa. Mantenha-se abaixado. – Giulianna.

Ele deitou-se no banco enquanto a investigadora telefonava de seu celular.

- Giullia. – Giulianna.

- Giul, onde você está? Saiu cedo e... – Giullia.

- Estou indo para casa. Deixe a garagem aberta.

- Está trazendo trabalho pra casa.

Giulianna voltou a olhar pelo retrovisor central, mas não viu o garoto.

- É, algo assim. - Giulianna.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

VII

Tossindo sentou-se diante dos olhos do agente médico.

- Como está? – Sérgio.

Vicente não respondeu, o uniforme policial do homem lhe dava uma idéia de onde estava. A agente Giulianna e o delegado entraram.

- Ele é mudo, Sérgio. Porém escuta muito bem. – Foroni.

O policial fez sinal de ter entendido e retirou-se.

-Você foi resgatado pela agente Giulianna e outros dois, infelizmente os raptores fugiram. Você está na ala médica da delegacia. Acha necessária a remoção para um hospital? – Foroni.

Vicente abanou a cabeça.

- Ótimo. Como deve saber, os dados que forneceu mais cedo são falsos. Precisamos contactar os seus pais, ou, se não houver, os seus responsáveis. – Foroni.

O garoto cruzou os braços e recostou-se no leito pronto para enfrentar as horas que viriam até que se convencesse de que ele não daria informação alguma.

Giulianna avançou e prevendo isso o delegado a parou no primeiro passo.

- Ele vai falar, delegado. Só deixar comigo que ele vai falar de quem é filho, de quem está fugindo e de quem eu o salvei! – Giulianna.

- Ele é mudo, agente. Ele não fala. – Foroni.

- Eu o vi falar, antes de ser raptado.

Vicente pareceu um pouco surpreso ao olhá-la e o delegado ergueu as sobrancelhas para a sua funcionária.

- O que escutou? – Foroni.

- Quando os homens a abordaram, ele dizia algo, mas não consegui escutar. Ele movia os lábios formando palavras. – Giulianna.

- Resumindo, não o escutou.

- Eu sei que ele fala. Só precisa ser pressionado um pouco.

Delegado Foroni ergueu a mão, parando-a.

- Agente Giulianna, este rapaz é menor de idade, vítima de seqüestro, e você está de licença. Isto é, você está aqui, mas não deveria. – Foroni.

- Mas... – Giulianna.

- Aguarde lá fora, policial Giulianna. Ou eu a colocarei no trânsito, por três meses.

Ela foi obrigada a retirar-se, ainda irritada, e o delegado solicitou que uma outra policial o acompanhasse, já que se tratava de um menor no recinto.

- Aqui tem caneta e papel. Por tanto deixe o seu nome, o nome e o número os seus responsáveis, quem e porque o seqüestrou. – Foroni.

Vicente não fez menção de pegar o material para responder e o delegado foi forçado a deixá-los sobre o leito. Tinha mais o que fazer.

- Leve o tempo que for você não vai sair daqui até esclarecermos algumas coisas. Está sob minha custódia. A justiça infantil será informada. Olho nele, Amanda. – Foroni.

- Sim senhor. – Amanda.

Nodecorrer do dia Giulianna manteve-se inquieta em sua mesa, revendo antigos casos e relembrando, a todo momento, à margem das informações, não que houvesse algo o que informar.

Foi pela quarta vez à enfermaria onde Vicente era o único paciente embora estivesse bem.

- Trouxe um lanche pra você. – Foroni.

O garoto aceitou. Foroni não sabia desde quando ele não comia, mas Vicente sabia, desde a noite anterior, pelo menos.

-Se você não começar a dizer algo, permanecerá aqui por muito tempo. Deve saber que não para sempre... Mas não voltará as ruas tão facilmente como na última vez. – Foroni.

Vicente não deu-lhe atenção e mordeu o cachorro-quente. Amanda foi substituída por outro policial.

- Não sei se você consegue falar, ou não. Mas sei que sabe escrever muito bem. É melhor cooperar. – Foroni.

Giulianna aguardava no corredor quando o delegado saiu, pronta para ter respostas.

- O que ele disse? – Giulianna.

Foroni suspirou.

- Está bem... O que ele escreveu? – Giulianna.

- Nada. E o conselho tutelar chega daqui a poucos minutos. – Foroni.

- O que! Vai liberar o garoto para eles? Está louco?

- Já chega Investigadora Giulianna! Está fora, vá para casa! Agente Henrique, leve-a daqui!

- Sim senhor. Vamos. – Henrique.

- Tira as mãos de mim. – Giulianna.

Relutante ela saiu, permanecendo teimosa na calçada por mais uma hora.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

VI

- Vamos indo, o carro foi visto no lado sul da cidade! – Delegado Foroni.

- Entra no carro. – Henrique.

Entraram em uma viatura. O delegado ia com dois outros policiais e uma terceira viatura juntou-se à perseguição, a mais próxima dos fugitivos.

O carro ignorou alguns sinais vermelhos, e as viaturas em seguida, paralisando momentaneamente o trânsito naquele local. Não mais do que fazer o inesperado contorno e deixar que as outras viaturas passarem, despistando-as. A que estava mais atrás, apenas, que conseguiu frear e fazer a volta.

- Boa Gustavo! – Henrique.

O que este cara vai fazer agora? – Gustavo.

O motorista mudou a marcha para ir mais veloz e ligou a sirene imobilizando os outros veículos.

- Ele vai seguir à esquerda, para a praia. Vai tentar escapar pela área rural. – Guilianna.

- Não. Ele vai pelo túnel. – Henrique.

- Coloquem os cintos! – Gustavo.

- Ele vai para a esquerda! – Guilianna.

- Como sabe disso? – Henrique.

- Estou colado a eles. Coloquem os cintos. – Gustavo.

Henrique o fez imediatamente ao segundo pedido.

- Vai colidir? – Henrique.

- O garoto não está com o cinto se colidir ele pode morrer. Ele está inconsciente.

- Vamos torcer para que ele tenha acordado. E colocado o cinto. – Gustavo.

- Não, espere! Ele é a vítima, e testemunha! – Henrique.

- Então, por favor, atirem nos pneus. O combustível está terminando.

- Atirar nos pneus pode não ser a solução também.

- O que faremos, então? Não podemos deixar que ele leve o garoto. – Guilianna.

- Está bem! Está bem! Colida Gustavo. Mas devagar. Nós dois vamos tentar acertar os pneus. – Henrique.

Guilianna e ele se dependuraram, um por cada janela da viatura, e os disparos começaram e o veículo em fuga acelerou.

Correram por pouco mais de um quilometro antes que o carro escuro parasse em um congestionamento provocado por um acidente. A viatura não parou antes, porém, que os bandidos fugissem.

-Droga! Escapara! – Gustavo.

Guilianna foi ao carro ver Vicente. Ele estava inconsciente e ela tentou acordá-lo. Henrique se comunicou com o delegado.

- Escaparam, senhor, mas deixaram o garoto para trás... Confirmo sim, é o mesmo que a policial Giulianna levou à delegacia hoje. – Henrique.

Ele desligou e foi ao carro, de onde Giulianna retirava Vicente.

- Tem uma ambulância a caminho. – Henrique.

- Ele não vai para o hospital. – Giulianna.

- Mas ele tem que ir. Pode ter se machucado seriamente. – Gustavo.

- Não foi. Apenas o deixaram inconsciente, nada demais.

- E para onde vamos levá-lo? – Henrique.

- Para a delegacia. E, depois de esclarecidas algumas questões, vamos contactar seus responsáveis.

- Mas isso é ilegal! Devemos levá-lo ao hospital e informar os seus pais o quanto antes. – Gustavo.

- Exatamente. – Henrique.

-Não há necessidade de hospital, e lá podem conseguir fazer algum mal a ele, o que ainda não conseguiram. – Giulianna.

Na delegacia examinaram Vicente e o deixaram dormir por ainda 15 minutos esperando que acordasse. Porém, ao notarem que não, usaram um odor forte para despertá-lo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

V

Seguiram-no de carro, ate que estivesse distante da delegacia e em local mais deserto. Então dois homens saíram de um carro e o seguraram.

- Você vem com a gente, agora. – Teodoro.

O garoto tentou se soltar e escapar, mas não conseguiu.

- Você vai nos contar o que sabe. – Luiz.

- Mas eu não sei de nada! Do que estão falando? – Vicente.

- O que foi fazer naquela delegacia?

- Foi a mulher que me levou! Ela é policial, mas eu juro, não disse nada!

- Veremos isso em breve. – Teodoro.

- Estou dizendo... Fiz o delegado pensar que sou mudo, e ele não sabe de nada!

Os dois homens viram o carro cinza parar a certa distância e uma mulher ruiva sair protegendo-se com a porta ao mesmo tempo em que apontava a arma para o trio.

- Soltem o garoto! – Giulianna.

- Quem é aquela? – Luiz.

- É a policial Giulianna!

- E o que ela sabe?

- Eu não falei nada, eu juro!

- Coloque-o no carro.

- Vamos garoto. – Teodoro.

- Não! Não, por favor! – Vicente.

- Soltem o garoto, agora! – Giulianna.

- Socorro! Ajuda!

- Cale-se! – Teodoro.

O homem deu-se ao trabalho de retirar a arma apenas para acertar uma coronhada em Vicente, deixando-o inconsciente e facilitando o serviço.

Giulinna deitou-se no banco dianteiro quando se tornou alvo de Luiz que usou este tempo para entrar no carro, dirigindo por Teodoro, partir dali.

Com o seu carro alvejado por poucos projeteis Giulianna começou a persegui-los. Estava muito perto, já chamando por reforços, quando um caminhão de lixo a tirou da perseguição.

Giulianna saiu irritada do carro e logo escutava a sirene do único carro em apoio. O opala azul parou próximo.

- Viu o que você fez sua louca? – Valério.

- Eu vou já te mostrar a louca! – Giulianna.

Ela já avançava para o motorista do caminhão quando outro policial a interrompeu.

- Espere! Espere! Pare com isso, Giulianna! – Henrique.

- Isso policial! Mantenha essa louca longe de mim. Já me causou problemas demais. – Valério.

- O senhor se cale ou o prenderei por desacato à Policial Giulianna!

Henrique levou-a para o seu carro e sentou-a no banco carona.

- Calma, me explique o que aconteceu. – Henrique.

Giulianna olhou-o de cima a baixo e ele pareceu ler os seus pensamentos.

- Acho que tem um motivo para que eu esteja na força policial... Vamos para a delegacia. – Henrique.

- Delegado Foroni... Ele podia ter evitado tudo isso. Você está de prova. – Giulianna.

- Prova de que? Por que estava correndo?

- Eu estava em perseguição.

- Perseguição! Você foi afastada!

- Eu sabia que o delegado ia liberar o garoto, por isso o segui.

- Por que se preocupa com o garoto? Ele não fez nada de errado...

Ele foi seqüestrado, Policial Henrique, pelos mesmos dois homens que ele disse que não o perseguiam.

- O garoto foi... O que podem querer com ele?

- Boa coisa não é. Vão interrogá-lo, e talvez torturá-lo.

- Vamos para a delegacia. O delegado não vai ignorar isso.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

IV

Não viu o garoto se aproximar assim com os outros em que ele esbarrava, mais rápido ao segurá-lo pela roupa.
- Cuidado. – Giulianna.
Ela notou a agitação anormal do jovem, como se escapasse de um crime.
- De onde você está vindo, hein? Está sendo perseguido por roubo, furto? – Giulianna.
- Eu nã... – Vicente.
Ela virou-se para o lado de onde ele havia vindo e viu dois homens de óculos escuros como se os observassem. Pareciam desconcertados e enquanto um estava virado para eles o outro olhava a calçada, depois a tarefa de observar era cedida ao outro.
- Quem são aqueles e por que estão atrás de você? – Giulianna.
Um dos homens passou a falar ao celular, e pouco depois ambos sumiam na multidão.
- Muito bem, agora me explica porque eles não vieram até aqui, porque eles estavam atrás de você. – Giulianna.
- Eu nã... – Vicente.
- Sabe sim, e fez. Viu como eles estavam suados? Estavam muito a fim de pegar um malandro como você.
Giulianna suspirou pensativa sem soltá-lo.
- O meu parceiro provavelmente concordaria em te deixar em liberdade provavelmente dizendo que roubou apenas uns trocados ou bateu uma carteira... Mas não sou ele. Vamos. – Giulianna.
- Por favor... – Vicente.
- Nada de ‘por favor’.
Entraram e logo o delegado a viu entrar empurrando o garoto para o interior.
- Policial Giulianna, ainda está aqui? – Foroni.
- Voltei apenas para trazer este... Garoto. Estava fugindo de dois homens. – Giulianna.
- E onde estes se encontram?
- Pararam de segui-lo ao vê-lo comigo.
- Vamos até a minha sala, Policiais Giulianna.
Ela seguiu-o mantendo Vicente sob sua vista e Delegado Foroni trancou a porta com os três.
- Sente-se, rapaz, e diga-me o que aconteceu. – Foroni.
- Você o escutou. – Giulianna.
- Não vai me dizer? Quer voltar para casa, não é?
O garoto assentiu ainda calado, mas sem levantar a cabeça para nenhum dos dois.
- Diga o seu nome e o telefone de seus pais e telefonarei para eles. – Delegado Foroni.
Vicente negou apenas com a cabeça, nervoso.
- Qual o problema, rapaz? – Foroni.
- É isso mesmo. Diga logo! – Giulianna.
- Policial, aqui eu dou as ordens. Lembre-se que nem aqui deveria estar.
Vicente ergueu os olhos para a escrivaninha, para o porta-lápis.
- Em que está pensando, garoto? Espere, você é mudo, correto? – Foroni
Ele assentiu e Giulianna protestou.
- Mudo nada! Ele falava até agora a pouco! – Giulianna.
- E o que ele disse? – Foroni.
- Eu não entendi, foi um pedaço de palavra. Mas ele pode completar agora, pois o caso é que sim, ele falou!
O delegado entregou a Vicente uma folha em branco e um lápis que o garoto aceitou de bom grado.
- Aqui, escreva o que fazia ao encontrar a Policial Giulianna.
Vicente demorou-se alguns segundos a escrever com letra tremida o motivo de correr e esbarrar na policial.
- Ele estava atrasado, Policial Giulianna. Apenas atrasado para a aula de libras. – Foroni.
- Isso é mentira! E quanto aos homens que o seguiam? – Giulianna.
Foroni arqueou as sobrancelhas para Vicente que novamente debruçou-se sobre o papel com o lápis em mãos.
- Ele não sabe do que está falando. – Foroni.
- O que! Olha só pra mim, garoto, e olha bem! Eu por caso tenho cara de idiota? – Giulianna.
Dela o garoto olhou para o delegado, confuso sobre o que fazer.
- Já chega Policial Giulianna! Aguarde lá fora, ou melhor, vá para casa. Eu resolvo tudo por aqui. – Foroni.
- Mas... – Giulianna.
- Chega. Você está afastada por sete dias, e se não quiser outros sete...
- Droga!
Ela saiu e o Delegado Foroni anotou algo em um pequeno papel antes de entregá-lo ao garoto.
- Por favor, peça para os seus pais me telefonarem o quanto antes. – Foroni.
Vicente assentiu e o delegado o liberou. Saiu da delegacia observando todos os lados para se certificar de que não era seguido, o que não resolveu o problema.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

III

Liberada do serviço pela próxima semana Giulianna foi levada para casa. Giovanna a aguardava com um copo morno de leite temperado de erva-doce em um calmante.

Ainda que na cama com Giulia e Giovanna a policial conseguiu dormir apenas perto do amanhecer, quando Giulia saia para o ginásio.

De folga pelos próximos dois dias, conforme a sua escala, Giovanna ficou em casa. Mas não percebeu nem mesmo quando Giulianna, ao despertar, mudava a roupa para sair.

Sentada na bancada Giovanna lia o jornal, com os óculos, bebendo café quando notou Giulianna chegar à sala e levantou-se de imediato.

- Giul! Como está? – Giovanna.

- Oi Gio. – Giulianna.

- Por que está vestida assim? O delegado a liberou.

- Não posso ficar longe da investigação. Preciso saber quem fez isso ao Miguel, e porque.

- Giul, isso não fará bem a você. E depois, o velório será esta tarde. Devia ficar em casa e... Descansar. Não será fácil.

- Não é fácil, Giovanna, ficar aqui enquanto o assassino de meu amigo está por aí, solto.

- Então me espere mudar de roupa e a levo.

- Não precisa.

Giulianna saiu fechando a porta.

- Ao menos coma algo! – Giovanna.

Dirigiu repassando na mente a todo o momento os poucos segundos da última ligação de Miguel e sem notar dirigia melhor do que nunca.

Foi recepcionada por olhares de pesar por seus colegas até que Henrique desse ao Delegado sua presença.

- Policial Giulianna, devia estar em casa descansando. – Foroni.

- Vim saber do andamento do caso. Já há suspeitos? – Giulianna.

- Volte daqui a uma semana, Policial, então conversaremos. Você está de licença.

- Eu quero o caso, Delegado.

- Policial, sei que o Policial Miguel era seu parceiro e, neste caso, sua ações neste caso apenas interferiria em seu trabalho.

- Minhas ações!

- Você não terá o caso, Policial Giulianna, isto já está decidido. Em uma semana, quando você retornar, assumirá o caso do assalto ao supermercado.

- O quê?

- O Policial Henrique cuidará deste caso até lá e em sete dias você se juntará a ele nas investigações...

- Não pode...

- Posso e vou Policial Giulianna! Por hora você está dispensada e não espero vê-la aqui tão breve.

O Delegado Foroni contornou a escrivaninha de sua sala e deu atenção aos papéis sobre a mesa. Contrariada Giulianna saiu da diretoria resmungando.

- Giulianna. Policial Giulianna! – Henrique.

Ele alcançou-a e tentou acompanhá-la à frente.

- O que quer? – Giulianna.

- Dizer que sinto, muito mesmo, pelo Policial Miguel. Ele foi um ótimo policial e só posso me sentir... Orgulhoso em estar trabalhando no mesmo distrito que ele. Por isso não imagino o que... – Henrique.

- Policial Henrique.

- Sim Policial Giulianna.

- É para isto que serve o funeral.

Ela abriu a porta envidraçada com um forte impulso deixandoHenrique e ganhando a calçada. Ele voltou ao seu trabalho, Giulianna tomou o caminho da cafeteria que tinha o único dafé capaz de mantê-la acordada.