- Eu... Preciso ir ao banheiro. Você ficará bem, não é mesmo? Vai, sim... – Norberto.
O policial saiu, trancando a porta. Terminava de anoitecer. Vicente, que não demonstrou tê-lo escutado, ou qualquer outra reação, enquanto houvesse alguém à vista.
Então levantou-se ligeiro, duvidando que pudesse passar pela báscula horizontal estreita.
- Tenho que tentar. – Vicente.
Tirou os tênis e arrastou a cadeira para próximo à parede. Passou os calçados primeiro, junto com a carteira e o boné que estavam nos bolsos de sua calça. Então, passou primeiro os braços empurrando-se para fora. Quase ficou preso pelo cinto, mas conseguiu e foi calçar-se ao lado da abertura, fechada pouco antes do retorno do policial, que saiu em alerta.
- Como assim ele não está na sala? Eu sou o responsável por ele! – Foroni.
- Eu não sei como ele pode ter escapado, senhor! A porta estava trancada! – Norberto.
- O que aconteceu, senhor? – Henrique.
- O garoto parece ter conseguido escapar. Avise a todos os agentes. Ele não deve ter ido longe.
- Sim senhor.
Menos de dez policiais saíram ao redor da delegacia com a esperança de encontrar o garoto, mas sem sucesso e o delegado foi obrigado a se desculpar com a assistente social vinda do juizado.
Henrique saiu com os primeiros policiais para procurar por Vicente, Giulianna estava ao lado do bando na calçada, fumando.
- O que esta acontecendo? –Giulianna.
- Imaginei que estivesse em casa. – Henrique.
- Por que os policiais estão se mobilizando? Ameaça de bomba?
- Vá descansar, Agente Giulianna. Mal não fará.
-Está bem, descubro o que está acontecendo sozinha.
Apagou o cigarro com o pé e abriu a porta da delegacia.
- Vicente fugiu. – Henrique.
- O... Como ele fez isso? – Giulianna.
- Aparentemente foi pela janela da sala de interrogatório. A cadeira estava junto à parede.
- Ótimo.
Ela foi a caminho do estacionamento.
- Aonde vai? – Henrique.
- Estou de folga, por semanas. – Giulianna.
- O afastamento não a impediu, até agora.
- Cuide de sua vida Agente Henrique.
- E tome cuidado com a sua, Agente Giulianna.
Giulianna tinha em mente procurar por Vicente pela cidade. Se até o momento havia tido sorte talvez o encontrasse.
Estava na ponte quando se assustou a ponto de sua espinha gelar. Algo se movia atrás de si. Olhou pelo retrovisor central e viu os olhos de Vicente.
- O que...? Por que está aqui? O que pensa que está fazendo? Agora vão pensar que eu o raptei. – Giulianna.
Vicente não respondeu e a agente abanou levemente a cabeça.
- Está bem, vamos para a minha casa. Mantenha-se abaixado. – Giulianna.
Ele deitou-se no banco enquanto a investigadora telefonava de seu celular.
- Giullia. – Giulianna.
- Giul, onde você está? Saiu cedo e... – Giullia.
- Estou indo para casa. Deixe a garagem aberta.
- Está trazendo trabalho pra casa.
Giulianna voltou a olhar pelo retrovisor central, mas não viu o garoto.
- É, algo assim. - Giulianna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário