segunda-feira, 12 de julho de 2010

VIII

- Eu... Preciso ir ao banheiro. Você ficará bem, não é mesmo? Vai, sim... – Norberto.

O policial saiu, trancando a porta. Terminava de anoitecer. Vicente, que não demonstrou tê-lo escutado, ou qualquer outra reação, enquanto houvesse alguém à vista.

Então levantou-se ligeiro, duvidando que pudesse passar pela báscula horizontal estreita.

- Tenho que tentar. – Vicente.

Tirou os tênis e arrastou a cadeira para próximo à parede. Passou os calçados primeiro, junto com a carteira e o boné que estavam nos bolsos de sua calça. Então, passou primeiro os braços empurrando-se para fora. Quase ficou preso pelo cinto, mas conseguiu e foi calçar-se ao lado da abertura, fechada pouco antes do retorno do policial, que saiu em alerta.

- Como assim ele não está na sala? Eu sou o responsável por ele! – Foroni.

- Eu não sei como ele pode ter escapado, senhor! A porta estava trancada! – Norberto.

- O que aconteceu, senhor? – Henrique.

- O garoto parece ter conseguido escapar. Avise a todos os agentes. Ele não deve ter ido longe.

- Sim senhor.

Menos de dez policiais saíram ao redor da delegacia com a esperança de encontrar o garoto, mas sem sucesso e o delegado foi obrigado a se desculpar com a assistente social vinda do juizado.

Henrique saiu com os primeiros policiais para procurar por Vicente, Giulianna estava ao lado do bando na calçada, fumando.

- O que esta acontecendo? –Giulianna.

- Imaginei que estivesse em casa. – Henrique.

- Por que os policiais estão se mobilizando? Ameaça de bomba?

- Vá descansar, Agente Giulianna. Mal não fará.

-Está bem, descubro o que está acontecendo sozinha.

Apagou o cigarro com o pé e abriu a porta da delegacia.

- Vicente fugiu. – Henrique.

- O... Como ele fez isso? – Giulianna.

- Aparentemente foi pela janela da sala de interrogatório. A cadeira estava junto à parede.

- Ótimo.

Ela foi a caminho do estacionamento.

- Aonde vai? – Henrique.

- Estou de folga, por semanas. – Giulianna.

- O afastamento não a impediu, até agora.

- Cuide de sua vida Agente Henrique.

- E tome cuidado com a sua, Agente Giulianna.

Giulianna tinha em mente procurar por Vicente pela cidade. Se até o momento havia tido sorte talvez o encontrasse.

Estava na ponte quando se assustou a ponto de sua espinha gelar. Algo se movia atrás de si. Olhou pelo retrovisor central e viu os olhos de Vicente.

- O que...? Por que está aqui? O que pensa que está fazendo? Agora vão pensar que eu o raptei. – Giulianna.

Vicente não respondeu e a agente abanou levemente a cabeça.

- Está bem, vamos para a minha casa. Mantenha-se abaixado. – Giulianna.

Ele deitou-se no banco enquanto a investigadora telefonava de seu celular.

- Giullia. – Giulianna.

- Giul, onde você está? Saiu cedo e... – Giullia.

- Estou indo para casa. Deixe a garagem aberta.

- Está trazendo trabalho pra casa.

Giulianna voltou a olhar pelo retrovisor central, mas não viu o garoto.

- É, algo assim. - Giulianna.

Nenhum comentário:

Postar um comentário