sexta-feira, 2 de julho de 2010

VII

Tossindo sentou-se diante dos olhos do agente médico.

- Como está? – Sérgio.

Vicente não respondeu, o uniforme policial do homem lhe dava uma idéia de onde estava. A agente Giulianna e o delegado entraram.

- Ele é mudo, Sérgio. Porém escuta muito bem. – Foroni.

O policial fez sinal de ter entendido e retirou-se.

-Você foi resgatado pela agente Giulianna e outros dois, infelizmente os raptores fugiram. Você está na ala médica da delegacia. Acha necessária a remoção para um hospital? – Foroni.

Vicente abanou a cabeça.

- Ótimo. Como deve saber, os dados que forneceu mais cedo são falsos. Precisamos contactar os seus pais, ou, se não houver, os seus responsáveis. – Foroni.

O garoto cruzou os braços e recostou-se no leito pronto para enfrentar as horas que viriam até que se convencesse de que ele não daria informação alguma.

Giulianna avançou e prevendo isso o delegado a parou no primeiro passo.

- Ele vai falar, delegado. Só deixar comigo que ele vai falar de quem é filho, de quem está fugindo e de quem eu o salvei! – Giulianna.

- Ele é mudo, agente. Ele não fala. – Foroni.

- Eu o vi falar, antes de ser raptado.

Vicente pareceu um pouco surpreso ao olhá-la e o delegado ergueu as sobrancelhas para a sua funcionária.

- O que escutou? – Foroni.

- Quando os homens a abordaram, ele dizia algo, mas não consegui escutar. Ele movia os lábios formando palavras. – Giulianna.

- Resumindo, não o escutou.

- Eu sei que ele fala. Só precisa ser pressionado um pouco.

Delegado Foroni ergueu a mão, parando-a.

- Agente Giulianna, este rapaz é menor de idade, vítima de seqüestro, e você está de licença. Isto é, você está aqui, mas não deveria. – Foroni.

- Mas... – Giulianna.

- Aguarde lá fora, policial Giulianna. Ou eu a colocarei no trânsito, por três meses.

Ela foi obrigada a retirar-se, ainda irritada, e o delegado solicitou que uma outra policial o acompanhasse, já que se tratava de um menor no recinto.

- Aqui tem caneta e papel. Por tanto deixe o seu nome, o nome e o número os seus responsáveis, quem e porque o seqüestrou. – Foroni.

Vicente não fez menção de pegar o material para responder e o delegado foi forçado a deixá-los sobre o leito. Tinha mais o que fazer.

- Leve o tempo que for você não vai sair daqui até esclarecermos algumas coisas. Está sob minha custódia. A justiça infantil será informada. Olho nele, Amanda. – Foroni.

- Sim senhor. – Amanda.

Nodecorrer do dia Giulianna manteve-se inquieta em sua mesa, revendo antigos casos e relembrando, a todo momento, à margem das informações, não que houvesse algo o que informar.

Foi pela quarta vez à enfermaria onde Vicente era o único paciente embora estivesse bem.

- Trouxe um lanche pra você. – Foroni.

O garoto aceitou. Foroni não sabia desde quando ele não comia, mas Vicente sabia, desde a noite anterior, pelo menos.

-Se você não começar a dizer algo, permanecerá aqui por muito tempo. Deve saber que não para sempre... Mas não voltará as ruas tão facilmente como na última vez. – Foroni.

Vicente não deu-lhe atenção e mordeu o cachorro-quente. Amanda foi substituída por outro policial.

- Não sei se você consegue falar, ou não. Mas sei que sabe escrever muito bem. É melhor cooperar. – Foroni.

Giulianna aguardava no corredor quando o delegado saiu, pronta para ter respostas.

- O que ele disse? – Giulianna.

Foroni suspirou.

- Está bem... O que ele escreveu? – Giulianna.

- Nada. E o conselho tutelar chega daqui a poucos minutos. – Foroni.

- O que! Vai liberar o garoto para eles? Está louco?

- Já chega Investigadora Giulianna! Está fora, vá para casa! Agente Henrique, leve-a daqui!

- Sim senhor. Vamos. – Henrique.

- Tira as mãos de mim. – Giulianna.

Relutante ela saiu, permanecendo teimosa na calçada por mais uma hora.

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