Tossindo sentou-se diante dos olhos do agente médico.
- Como está? – Sérgio.
Vicente não respondeu, o uniforme policial do homem lhe dava uma idéia de onde estava. A agente Giulianna e o delegado entraram.
- Ele é mudo, Sérgio. Porém escuta muito bem. – Foroni.
O policial fez sinal de ter entendido e retirou-se.
-Você foi resgatado pela agente Giulianna e outros dois, infelizmente os raptores fugiram. Você está na ala médica da delegacia. Acha necessária a remoção para um hospital? – Foroni.
Vicente abanou a cabeça.
- Ótimo. Como deve saber, os dados que forneceu mais cedo são falsos. Precisamos contactar os seus pais, ou, se não houver, os seus responsáveis. – Foroni.
O garoto cruzou os braços e recostou-se no leito pronto para enfrentar as horas que viriam até que se convencesse de que ele não daria informação alguma.
Giulianna avançou e prevendo isso o delegado a parou no primeiro passo.
- Ele vai falar, delegado. Só deixar comigo que ele vai falar de quem é filho, de quem está fugindo e de quem eu o salvei! – Giulianna.
- Ele é mudo, agente. Ele não fala. – Foroni.
- Eu o vi falar, antes de ser raptado.
Vicente pareceu um pouco surpreso ao olhá-la e o delegado ergueu as sobrancelhas para a sua funcionária.
- O que escutou? – Foroni.
- Quando os homens a abordaram, ele dizia algo, mas não consegui escutar. Ele movia os lábios formando palavras. – Giulianna.
- Resumindo, não o escutou.
- Eu sei que ele fala. Só precisa ser pressionado um pouco.
Delegado Foroni ergueu a mão, parando-a.
- Agente Giulianna, este rapaz é menor de idade, vítima de seqüestro, e você está de licença. Isto é, você está aqui, mas não deveria. – Foroni.
- Mas... – Giulianna.
- Aguarde lá fora, policial Giulianna. Ou eu a colocarei no trânsito, por três meses.
Ela foi obrigada a retirar-se, ainda irritada, e o delegado solicitou que uma outra policial o acompanhasse, já que se tratava de um menor no recinto.
- Aqui tem caneta e papel. Por tanto deixe o seu nome, o nome e o número os seus responsáveis, quem e porque o seqüestrou. – Foroni.
Vicente não fez menção de pegar o material para responder e o delegado foi forçado a deixá-los sobre o leito. Tinha mais o que fazer.
- Leve o tempo que for você não vai sair daqui até esclarecermos algumas coisas. Está sob minha custódia. A justiça infantil será informada. Olho nele, Amanda. – Foroni.
- Sim senhor. – Amanda.
Nodecorrer do dia Giulianna manteve-se inquieta em sua mesa, revendo antigos casos e relembrando, a todo momento, à margem das informações, não que houvesse algo o que informar.
Foi pela quarta vez à enfermaria onde Vicente era o único paciente embora estivesse bem.
- Trouxe um lanche pra você. – Foroni.
O garoto aceitou. Foroni não sabia desde quando ele não comia, mas Vicente sabia, desde a noite anterior, pelo menos.
-Se você não começar a dizer algo, permanecerá aqui por muito tempo. Deve saber que não para sempre... Mas não voltará as ruas tão facilmente como na última vez. – Foroni.
Vicente não deu-lhe atenção e mordeu o cachorro-quente. Amanda foi substituída por outro policial.
- Não sei se você consegue falar, ou não. Mas sei que sabe escrever muito bem. É melhor cooperar. – Foroni.
Giulianna aguardava no corredor quando o delegado saiu, pronta para ter respostas.
- O que ele disse? – Giulianna.
Foroni suspirou.
- Está bem... O que ele escreveu? – Giulianna.
- Nada. E o conselho tutelar chega daqui a poucos minutos. – Foroni.
- O que! Vai liberar o garoto para eles? Está louco?
- Já chega Investigadora Giulianna! Está fora, vá para casa! Agente Henrique, leve-a daqui!
- Sim senhor. Vamos. – Henrique.
- Tira as mãos de mim. – Giulianna.
Relutante ela saiu, permanecendo teimosa na calçada por mais uma hora.
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